quarta-feira, 29 de maio de 2013

Sorriso

Depois de exatos 6 meses sem postar nada é com nenhuma vergonha na cara que eu publico esse poema escrito há 10 minutos atrás (é a única forma de voltar a escrever, se não o poema seria engavetado numa pasta no meu pen drive ou mesmo deletado).

Sorriso.

São todos esses anos que me encurvam.
Foram todas as palavras ditas,
todas as palavras escutadas,
pensadas, caladas, arrancadas
que hoje pesam meu coração
e me calam de forma sútil.

Quem vê minha silhueta
é bem capaz de não reparar
no gosto amargo que ficou
do seu prato, do seu armário,
o cheiro ocre, azedo,
delicioso...

Amaldiçoo todas as maçãs que toco,
todas as rosas são espinhos,
todas as nuvens são de chuva,
toda linha reta é vazia.
Toda reza é já um depoimento.

Quem me vê assim taciturno,
talvez não veja o estrago,
talvez não queira ver mais nada.
Mas que perceba sempre que há,
em algum momento,
com algum sentido (pois em toda poesia
a última palavra deveria sempre
ser), um sorriso.