sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Segunda-feira em três atos

Um poema, um pouco longo, que escrevi por volta dessa semana, em alguma madrugada.


Segunda-feira em três atos

- Ora, venha me explicar
porque desses olhos baços.
Respeito tua ressaca
mas nunca foi de amor
esse pranto fraco.
Soluça essa dor
que a tua voz eu não quero mais.
Vê se me conta do passado
porque já vi, não tenho espaço.

- Não fala assim.
Ouvi dizer que perdeu o par
e agora vem me marcar compasso?
Vê se esquece desse amor
que em tu só tu existe.
Afogue a si mesmo
e se deixa dissolver.
Eu só aceito
se deixar se perder.

- Chega disso, clandestina.
De inferno já estou farto.
Nem os astros sabem da sua sorte,
e não rio dos teus laços.
Vê se envereda em outro lado
que já me cansa esse fado.
Quero cantar rouco
e tu só me afinas.
Pra variar me deixa errar.

- Erra, mas vê se aprende!
De babaca já estou farta...
Teu caldo é desamor
e azeda meu orvalho.
Não me fala da saudade que sentiu...
Desembarca do meu corpo
e vê se embala a si mesmo
porque eu tô cansada de amar,
tô cansada de amar.

Não faça miséria
E não graceje com o coração doido.
Sofrimento não faz amor.
Se explora no meu corpo,
desse prazer eu também compadeço.
Se edifica em si pois
as flores que esqueci
o vento leva, mas quem sabe?
Amanhã é terça e o crisântemo sempre nasce.