quinta-feira, 15 de maio de 2014

Moendo carvalhos

Moendo carvalhos

É da voz de um morto que se conta a vida.
Zumbi espalmado, que mesmo decapitado vive.
O choque que reverbera pelos sexos
e queima o fruto,
mata também pela sede e pelo horror.

Quanto de voz ainda há no carvalho moído?

Perfurações que deixam marca, seiva
escorrendo vermelha.
Convertendo a voz em morto pela palavra da salvação:
Segurança e genocídio nacionais.

Em cada braço do Carvalho escrito:
o Estado mata.

E tantas outras árvores
com suas raízes e seus frutos
calados, encarcerados,
esfomeados e torturados.

Quem mata mal sabe,
mas carvalhos cantam e dançam.
E escutamos. E dançamos.
E lutamos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário